Capítulo 96

Antes de chegarmos a casa da Bru, eu estava num nervoso... Sempre fico assim quando sei que vou vê-lo. Assim que chegamos ele apareceu no jardim, todo desleixado. Nossos olhares se cruzaram rapidamente, mas Bru percebeu.

- Fica de boa tá? 

- Relaxa Bubu, tô bem. - sorri.

- Ótimo! Vem comer. Tem carne, linguiça..

- Linguiça? Adoro! - Gustavo falou nos levando a gargalhadas. Passamos pela roda dos meninos e eu soltei um oi, junto de um aceno com a mão. Luan se quer respondeu, continuou cantando. Mal educado! Fomos até o tio Amarildo, ele estava olhando o ponto das carnes.

- E ai, tio? Tudo bem? - o abracei.

- Tudo ótimo. O que cê quer? - se referiu as carnes.

- Não sei. - olhei em dúvida e ele riu. Quando percebi só estava Tio e eu.

- A Marizete tá fazendo umas comidas bem gostosas lá dentro, se você não quiser carne, pode ir lá. 

- Sério? Então eu vou lá. - quando estava virando trombei com Luan, ao ponto de voltar pra trás, ele me segurou meus braços para que eu não tropeçasse ou caísse.

- Desastrada! - disse e eu ainda estava processando suas mãos me tocando depois de tanto tempo.

- Você que apareceu do nada. Já pode me soltar. - olhei suas mãos em meus braços e assim ele fez. Desviei seguindo para dentro da casa. Jesus amado... Como um simples toque dele pode me deixar assim? Encontrei minha tia na cozinha, fiz um coque bagunçado no cabelo e mesmo contra sua vontade a ajudei no que precisava. Nos trocamos fofocas e risadas, até que Bru me encontrou:

- Não acredito que você tá na cozinha! - Bru me repreendeu com o olhar.

- Tô ajudando a tia ué.

- Já não basta a mãe ser teimosa ainda tem você. As duas lá pra fora agora! É minha despedida e isso é uma ordem! 

- Tô terminando Bubu, já tô indo. - Tia Zezete falou. - Vai lá Bebele, pode ir com ela. 

- Vem! - minha amiga passou seu braço sobre meu ombro, eu já estava sem salto ficando mais baixa que ela. Fui descalça mesmo. - Você não sabe quem chegou. - me olhou sorrindo.

- Quem?

- O Rober, He-man, Well. 

- Mentira! Não acredito! - falei animada. Eu sinto saudade deles. Nossos passos se tornaram mais largos, depressa. Eu queria revê-los. Logo os vi perto da piscina. Luan estava com os três. Soltei minha amiga e corri para encontrá-los.
- Rober! - falei alto e ele me olhou sorrindo, abriu os braços e me acolheu num abraço, me tirando do chão.

- Que saudade, encrenca! 

- Eu que estava! - me pôs no chão e então cumprimentei os outros dois.

- Cresceu em, Bele?! - Well me zuou. Levando todos a risadas, inclusive Luan.

- Para viu? - dei um leve tapa em seu ombro.

- Eu também achei você mais grandinha. - He-man continuou zoando.

- Vou até sair daqui. - me fiz de ofendida e eles riram, menos Luan, que agora me olhava intensamente e sério, enquanto segurava um copo com bebida.
- Espera ai! - Rober disse. - E a Eloísa?

- Gamadão! - foi minha vez de zoa-lo, Luan continuava a me olhar descaradamente, eu já estava ficando sem graça. Fiquei ali por pouco tempo e fui para a rodinha onde estava Paiva, Bruna, Mari e João. Os abracei e iniciamos um papo.

- Só a Bru pra me fazer sair de casa com meu filho prestes a nascer. - Mari disse.

- Eu sou especial. - ela disse convencida.

- Não vejo a hora de ver essa gostosura! - peguei em sua barriga, acariciando.

- Eu também tô ansioso demais! - João disse.

- Gente, olha lá! - Paiva nos chamou atenção. Colocaram um funk pra tocar e Gustavo já se acabava no meio do jardim. Rimos. - Vamos lá! - me puxou pela mão e fui, mesmo com uma certa vergonha. Vergonha essa que logo desapareceu. Bru se meteu no meio e os meninos começaram a assobiar. O sorriso estava estampado em meu rosto. Começou a tocar bang da Anitta, então dançamos a coreografia que Gu fazia. 

* Luan narrando.

Quando Bele começou a dançar, eu quase arrancava meus cabelos de tanto que passava a mão entre eles. Gostosa! Dona de um corpo exuberante! Um sorriso magnífico! Eu também fiquei enciumado ao ver os olhares dos marmanjos, mas o que me restou foi ficar calado enquanto eu enlouquecia ao ver ela rebolar, descer até o chão... Tão provocante! Bebi mais um pouco da minha cerveja. Que saudade dessa mulher! E que raiva dela ao mesmo tempo. Não me deu a menor moral desde que chegou. Na hora que nos esbarramos sua cara fechada e suas poucas palavras reinaram mais uma vez. Eu olhava seus movimentos imaginando que agora aquele corpo era do viadinho do Bruno. Não só o corpo... Quando eu vou conseguir seguir em frente, Meu Deus? Quando? Suspirei pesado e Testa me olhou rindo, dando um tapinha em minhas costas, entendendo tudo. Começou um forro do Wesley e elas não sairam de lá. Continuaran dançando. Bele com Gu e Paiva com Bru.

* Mabele narrando.

Já estava no pôr do sol, quase noite, quando eu parei de dançar e sentei num sofazinho que havia um pouco próximo da piscina, não tinha ninguém por perto. Peguei um copo de cerveja para refrescar e fiquei fuçando meu instagram, olhei as pessoas que ainda dançavam e vi que Paiva puxava Luan, ele ia totalmente sem graça. Sorri com a cena e comecei a prestar atenção sem me importar se alguém estava me observando ou não. Ele estava bem perdido, o que me causava risadas leves. Não deixa de ser lindo nem assim. Cafajeste! Me distrai com meu celular e meu copo de cerveja. O dia já havia virado noite. Respondi algumas mensagens no whats e logo voltei para o insta. Quando senti alguém sentar do meu lado, olhei de imediato me deparando com Luan.

- Tá gostando? - me olhou.

- Tô. Tá bem legal. - tentei ser educada.

- Nem parece... Não larga o celular. - ele riu fraco, um pouco sem jeito.

- Só tô me atualizando de algumas coisas. - sorri de leve e voltei a olhar meu celular. 

- Nós vamos ficar assim pra sempre um com o outro? - o olhei novamente.

- Eu não devia nem olhar na sua cara, Luan. Você sabe disso. - fui sincera, mantendo a calma. Pela primeira vez estávamos conseguindo conversar civilizadamente.

- Eu sei, errei feio. - deu uma pausa respirando fundo. Nossos olhares estavam fixos um no outro. - Mas não fica me tratando com essa indiferença. Eu já fiz muita merda nessa vida e uma das piores foi ter te magoado. Você já seguiu sua vida e então eu acho que nós podemos ter uma relação amigável! - eu segui minha vida? Não entendi essa.

- Não sei não, Luan. - voltei a olhar meu celular, o rumo da conversa estava indo por um caminho desagradável.

- Eu te peço perdão novamente por tudo que te causei, mas não fica sendo fria comigo. Você não é assim! - O olhei analisando suas palavras. Tudo que ele fez me magoou demais! Mas ao vê-lo ali, com um olhar tão sincero me desarmou.

- Você sabe que eu sempre vou ter um carinho enorme por você não sabe? - acabei falando aquilo, mesmo que depois me arrependesse. Ele assentiu com a cabeça. - Mas acho que amizade entre nós é um pouco demais.

- O Bruno tá te impedindo? - ironizou.

- Bruno? - Franzi as sobrancelhas.

- É uai! Vocês estão juntos não é?

- Não! - respondi de imediato, rindo fraco. De onde ele tirou isso?

- Seja sincera. Eu vi vocês juntos. 

- Você tá ficando maluco! 

- Não tô não. Eu vi Mabele! - afirmou com toda a certeza do mundo.

- Viu o que exatamente? - eu nem sei porque ainda estava dando moral pra ele, mas eu estava gostando de tê-lo tão próximo a mim, conversando comigo. 

- Vi ele te dando flores no seu condomínio. - acabei rindo ao sacar tudo. Ele não escondeu seu incomodo ao falar isso. 

- Eu não tô com ele! Aquilo só foi uma de suas inúmeras tentativas de algo comigo. - fui sincera e ele abriu a boca sem acreditar.

- Ele só esperou a gente terminar pra ir atrás de você? Caralho! Que filho da puta! - falou irritado e eu não consegui conter o sorriso. 

- Porque essa irritação toda? - ele me olhava calado por uns 3 segundos e em seguida disse:

- Não é porque nós não estamos mais juntos que eu vou amar aquele infeliz. Eu não gosto dele. Muito menos com você! - gargalhei. Aquela cena dele estava impagável. Tão bonitinho. - O que cê tá rindo? - me perguntou sério.

- Nada ué!

- Esquece esse viadinho! Mabele, não é necessário levar essa mágoa de mim pro resto da vida. Você conseguiu perdoar o Bruno e ter uma convivência legal com ele, porque comigo cê num pode? - ne olhou intrigado.

- Porque tudo que você fez ainda me dói muito! Toda a mentira, a sacanagem que você fez comigo... - abaixei a cabeça suspirando. Falar desse assunto não me faz bem.

- Isso me machuca também, mas me machuca mais ainda viver assim com você. Eu entendo que você não queira mais nada comigo. É totalmente compreensivo! Mas vamos tentar ter uma relação amigável? 

- Não precisa ser uma amizade não é?

- Não uai! Tudo no seu tempo. Só queria muito que a gente convivesse de boa. Que você falasse comigo normalmente como com qualquer outra pessoa. - Você não qualquer pessoa! Suspirei e decidi depois de pensar, que aquilo séria a melhor saída.

- Tudo bem. Nós vamos nos ver muito ainda e nesse clima chato tudo fica mais difícil. Eu não esqueci e ainda machuca muito toda a decepção que eu tive, mas vamos ter uma relação amigável. 

- Com o tempo isso vai passar e você vai ser muito feliz! - sorri sem graça. Eu nunca tinha abrido tanto meus sentimentos quanto agora e logo pra ele. - Me dá um abraço. - abriu os braços e eu me aproximei o abraçando. Um abraço tão apertado de ambas as partes. Estava claro o tamanho sentimento que ainda existe entre nós. A saudade enorme que estávamos. Talvez assim, eu consiga assimilar melhor o que aconteceu e passe a vê-lo com outros olhos e por consequência consiga seguir minha vida. Senti ele cheirar meu cabelo. Nunca vai deixar nessa mania. Marquinhos que também estava ali o chamou.

- Tô indo! - se afastou sorrindo. - Você tirou um peso enorme das minhas costas, Mabele. - sorria feliz. - Eu tô me sentindo menos culpado. - eu apenas sorri pequeno e ele beijou meu rosto levantando em seguida. - Cuidado com esse decote em?! Aqui tem muito homem. - falou cuidadoso e me veio a vontade de rir novamente do seu explícito ciúme. Assim que ele chegou na roda dos meninos começou a cantar junto deles e eu que achava que ninguém estava prestando atenção em nós... Me enganei. Foi só Luan se afastar que Bru apareceu.

- O que aconteceu aqui? Foi um abraço? Foi isso mesmo que eu vi? - falou boquiaberta e eu sorri. 

- Nós conversamos ué. Decidimos ter uma relação amigável.

- Graças ao meu bom Deus. - ela colocou as mãos pro alto e olhou pro céu.

- Boba! - ri de leve.

- Era muito ruim essa coisa de vocês se odiando. - ela fez careta.

- Eu ainda não esqueci o tanto que me magoou, não tenho amnésia. Mas o que adianta ficar igual cão e gato não é? - ela me olhava com um sorriso orgulhoso.

- Como você amadureceu! Em outros tempo não seria assim.

- Não mesmo. - ri. - Nada vai apagar o que ele fez, mas eu acho que assim também será mais fácil de tirar esse sentimento ruim do meu coração. 

- Você tem razão. - me abraçou. - Tô muito feliz! Muito mesmo. - eu apenas sorri. - Vem, vamos nos juntar aos meninos. Todos estão cantando. - me puxou pela mão e então em uma só roda, estavam todos seus convidados, seus amigos do teatro também vieram. Tinha uma boa quantidade de pessoas. E ainda estava tudo muito animado! Eu me senti bem mais a vontade de está ali com Luan, sabendo que agora nos damos bem. Não vai ser uma amizade, porque eu ainda não consigo, quem sabe um dia. Mas pelo menos não vamos andar discutindo onde nos encontrarmos. Eu posso tá sendo a trouxa das trouxas tomando essa decisão. Muitas mulheres no meu lugar nunca mais olharia na cara dele, mas eu acho que isso só vai acrescentar na minha vida e dentro de mim.


E ai! O que acharam? Tem muita coisa por vir! 
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Bjs, Jéssica. ❤