Capítulo 91

Depois de uns cinco minutos, alguém bateu na porta.

- Luan, nós precisamos começar a preparação antes de você subir no trio. - Era o Testa novamente.

- Tá, tô indo. - limpei minhas lágrimas, engoli o choro e abri a porta.

- Você tava chorando cara? - Rober perguntou preocupado.

- O que você acha? - ele entrou e fechou a porta.

- Cê tá mal mesmo em boi? Não fica assim meu amigo. - me abraçou solidário e eu segurei o choro.

- Valeu Testa. Agora deixa de viadagem e bora começar a aquecer. - Descontrai e rimos. Começou todo aquele ritual e eu pedi desculpa por ter sido grosseiro. A cena dela com outro não saía da minha cabeça. Ah, mas se ela tá pensando que eu vou ficar feito idiota chorando pelos cantos, ela tá muito enganada! O negócio é seguir a vida? Pois vamos seguir a vida! E o meu recomeço vai começar em grande estilo.
Chegou a hora da minha participação, subi no trio e ela estava bem na grade do camarote, é, eu consegui achá-la no meio de toda a multidão. Ela me olhava e tinha um meio sorriso no rosto. O filho da puta estava logo atrás dela, rindo. Desviei meu olhar deles e não olhei mais naquela direção. Fiz o que tinha que fazer no trio e em seguida fui para meu camarim novamente.

- Vamos pro hotel? - Rober perguntou enquanto eu tirava minha blusa.

- Não. Vamos voltar pro camarote. - Vesti a blusa que eu estava antes e vi ele negando com a cabeça, saindo em seguida. Dei uma olhada no cabelo e saí em seguida também. Logo encontrei meus amigos e voltamos para o local. Atraindo vários olhares e pessoas da imprenssa tiravam fotos. Eu sorria e quando passei por Mabele nem olhei em seu rosto. Fiquei um pouco mais distante, mas ela ainda estava no meu campo de visão.

- Não entendi a tua, Luan. Voltar pra cá, pra que? - Gutão disse rindo. Sua namorada estava ao seu lado e era mais calada.

- Eu só quero me divertir. Não tem que entender nada. - ri de leve.

- Acho que não é só isso não... - He-man disse desconfiado.

- Vocês tão viajando. Vou pegar uma bebida. 

* Mabele narrando.

Anderson não conseguiu me arrancar um beijo. JM entrou e eu cantava todas! Antes de conhecer o Luan eu não curtia muito sertanejo, mas depois eu apaixonei! Tudo ainda liga muito ele a minha vida. Isso é uma merda! Jorge começou a falar dele e eu fiquei atenta, logo em seguida anunciou sua participação. Ah, então é por isso que ele estava aqui. O olhei o tempo todo. Nunca vou deixar de achar lindo ele cantando e nem tão pouco sua voz. Para minha surpresa, ele voltou para o camarote causando um reboliço. Anderson me abraçou e eu percebi que ele fez de propósito. Eu fiquei de costas para a direção que ele estava. É melhor assim. 

- Olha lá quem não perdeu tempo. - Leila se aproximou falando. Olhei na mesma direção que ela e Luan beijava uma loira. Não era qualquer beijo. Eles estavam quase se comendo! Aquilo me atingiu de um jeito... Em mim ficou um misto de sentimentos. Raiva, ciúme, tristeza... Mas a raiva venceu. Galinha do caralho!

- Deixa ele curtir. Ele é solteiro. - dei de ombros e Leila concordou rindo e voltou para próximo dos meus amigos novamente.

- Acho que você deveria fazer o mesmo. Tô aqui no seu pé, tentando, tentando.. - Anderson foi direto, o que me fez rir.

- É, eu também acho. - passei minha mãe em volta do seu pescoço e o beijei. Não sei porque, mas eu o beijei!

* Luan narrando.

Quando eu voltava com minha bebida, uma loira me parou e iniciou um papo. Não demorou muito e eu a beijei. Foi estranho beijar outra boca que não fosse a da filha da mãe. Mas eu vou seguir minha vida. Quando encerramos o beijo eu a abracei e ao longe vi o que eu menos queria ver. Ela beijando aquele viadinho. A raiva consumiu cada mínima parte do meu corpo.

- Vou voltar pra perto dos meus amigos. - acabei sendo grosseiro com a loirinha e sem esperar resposta, voltei para próximo deles, que não tocaram no assunto. Não de cara, mas um tempinho depois...

- E esse joguinho de vocês? - Cirilo riu.

- Não tô jogando. Ela que tá. - bebi um pouco de minha bebida.

- Qual é Luan? Fala a verdade! - He-man disse.- Hoje pela manhã, você não queria saber de mulher e agora depois de tudo, bastou a loira lá te chamar que você beijou. - riram negando e eu acabei rindo também.

- Seguindo a vida, parceiro. Qual o lugar melhor que salvador no carnaval pra seguir a vida? 

- Esse meu patrão... - Cirilo riu e Rober apenas observava.

* Mabele narrando.

Passamos a o resto da madrugada curtindo. Eu estava com Anderson e Luan, a cada quinze minutos beijava uma mulher diferente. Aquilo estava me dando nos nervos. E não é ciúmes! É raiva! Raiva dessa cara de pau, desse jeito galinha. Raiva dele! O que ele fez comigo veio com mais força em minha memória, aumentando ainda mais minha raiva. Mas eu não sairia dali. Não mesmo!
 Alguns da minha turminha já estavam alterados, me causando risadas. Depois de um tempo decidiram ir embora, mas antes eu fui ao banheiro, a fila estava grande e ao lado, na fila do banheiro masculino, estava Luan e o Rober. Que merda em?! 

- E ai, encrenca, curtindo muito? - Rober puxou papo e Luan me olhava com deboche.

- Tô.

- Claro que tá. Cê não viu? - Luan disse irônico e eu suspirei. Dai-me paciência. Rober riu.

- Cala a boca, Luan! - seu amigo disse e ele cruzou os braços, se virando pra frente. Rober continuou de lado falando comigo. - Cê vai embora quando? 

- Amanhã. E você?

- Amanhã também. E a Lô cara? 

- Então, ela me disse que vocês andam se falando. - sorri maliciosa e ele gargalhou. Vi Luan revirar os olhos.

- É, a gente se fala as vezes. 

- Vai dar namoro em?! 

- Rober, deixa de conversa fiada e liga pras muié que eu te pedi. - Luan disse sem nos olhar. Meus sorriso se desfez. Cachorro! 

- Deixa se ser imaturo, Luan! - falei irritada.

- Eu imaturo? - riu debochado. - Quem beijou o cara só porque me viu beijando outra foi você. - falou irritado também, mas por conta da música as pessoas da fila não se davam conta da nossa conversa.

- Ah, você lê pensamentos agora? Deixa de ser convencido! Baixa tua bola!

- Não preciso ler pensamentos pra perceber certas coisas. - aquilo me irritou de uma maneira... Ele vem me tirando do sério a noite inteira! 

- Cala a boca, seu cretino! Você não sabe de nada! 

- Não calo não! - falou como uma criança birrenta. - Tá vendo Testa? Ela não sabe o que falar, por que eu disse a verdade. Aqueles beijos todos foram pra me atingir. Em vão viu, Mabele? 

- Vai pra porra, Luan! Não me faz perder a cabeça! - eu estava muito irritada. - Você que beijou dezenas pra me provocar. Enganou-se querido! Beije quantas quiser, coma quantas quiser! Eu não me importo. - joguei as palavras, o olhando com uma raiva tremenda!

- Não se preocupa. Hoje serão duas que eu vou levar pro hotel. - sorriu convencido. Nossos ânimos estavam a flor da pele. Minha vontade era de meter a mão na cara dele de novo.

- Vamos embora, Luan. Pelo amor de Deus! - Rober o chamou preocupado. 

- Eu que vou embora. - dei as costas, mas antes que eu desse qualquer passo, ele me puxou pelo braço, ficando bem próximo.

- Você é minha. Teu coração é meu. Eu sei disso! Ficar com milhões não vai adiantar. - falava tudo olhando em meus olhos e eu mantia uma pose forte, séria! 

- Quem tá ficando com várias é você. Me solta. - ele continuou me olhando, sem me soltar. - Me solta, cara! 

- Luan, solta ela. - Rober falou.

- Volta lá pra aquele babaca! - me soltou com certa agressividade. Eu juro, que se não estivesse tantas pessoas em volta, eu daria vários tapas nele. Filho da mãe! Voltei para perto dos meus amigos com o choro entalado na garganta, com a raiva gigantesca dentro de mim. Ele só teve coragem de fazer e falar tudo aquilo, porque estava "alegrinho" pelo efeito da bebida. Idiota! Não é homem o suficiente pra falar o que quer, o que pensa quando está em estado totalmente sóbrio.

- Vamos embora. A fila do banheiro estava enorme, acabei desistindo. - sorri de lado e Anderson passou o braço em volta do meu pescoço e logo saímos dali. Quando cheguei no hotel, dei graças a Deus. Tudo que eu queria era minha cama. Hoje o dia foi extremamente difícil! Por isso eu evito vê-lo, eu sei que quando nos encontrarmos não vai dar em coisa boa. Como hoje! Assim que adentrei em meu quarto, me joguei na cama, suspirei e logo as lágrimas tomaram conta do meu rosto. Eu chorava, pelo jeito que ele me tratou, por eu de certa forma ter usado o Anderson, por ter visto tudo que o Luan fez. Traste!!! Peguei meu celular e coloquei na música que ele fez pra mim. E ao ouvir a letra de " eu ando mentindo demais" eu fiquei furiosa.

- Mentiroso! Cretino mentiroso! Porque você fez isso comigo Luan? Porque você fez isso com a gente? - fiquei falando sozinha em meio ao choro. - E eu que pensei que fosse casar com você. Duas vezes você me magoou e com mulher sempre no meio. Galinha do caramba! - Levantei e fui até o banheiro, tomei um banho quente e tentei relaxar, tentei esquecer tudo que acabou de acontecer e tentei esquecer o mal que o Luan anda fazendo ao meu coração. 

* Luan narrando.

Depois que ela se virou e foi embora eu falei todos os palavrões possíveis. Rober me orientou a irmos embora, fiz isso, mas antes eu levei as duas gostosas que estavam no camarote comigo. Eu disse que iria passar a noite com duas e eu vou! Tudo foi feito discretamente com a ajuda do Testudo. Quando entrei na van, fiquei a espera das duas e nesse tempo eu fiquei pensando nela. Me veio a vontade de chorar novamente. O que estamos fazendo? Droga! Logo as meninas chegaram e os meninos conversavam entre eles, já eu tentava dar toda atenção para minhas acompanhantes. Chegamos no hotel e depois de atender algumas fãs, entrei e nem preciso dizer que as duas entrando conosco foi notícia a partir dali. Quando chegamos no quarto, tudo aconteceu. Recebi todo o prazer possível e estranhei está transando com outras pessoas. As garotas fizeram tudo que eu pedi, tudo que eu quis. Com direito a anal, coisa que nunca fiz com a Mabele. Tudo liga aquela bandida a minha vida. ( ou eu acabo ligando espontaneamente). Elas foram embora depois de tudo. Não chegaram a dormir comigo. Foda-se se vai dar o que falar. Foda-se a opinião dos outros sobre isso. Tomei banho e vesti uma bermuda. Fui para a varanda e fiquei pensando em tudo que fiz e tudo que vi na noite passada. Sim, já se passavam das sete da manhã. Não me arrependo de ter beijado várias e confesso também que só fiz isso para atingi-lá. Queria que ela sentisse o que eu senti quando vi outro homem tão próximo dela. Posso ter sido inconsequente e imaturo, mas na hora da raiva eu não pensei nas consequências. Se antes ela não queria me ver, agora deve tá querendo eu eu morra de uma vez. Se eu tiver a oportunidade de vê-la antes de irmos embora, eu vou conversar. Tentei dormir em vão. Algumas horas depois Testa bateu em minha porta.

- E ai, como foi a noite? - falou assim que abri a porta.

- Não sei nem como definir. - ri fraco.

- Cuidado boi, ontem cê falou muito pra Bele. A muié já não quer te ver e depois daquilo tudo...

- É, eu sei. - passei a mão nos cabelos.

- Em duas horas saímos, beleza?

- Beleza. - fechei a porta e apenas troquei de roupa. Arrumei a bagunça e em meia hora eu estava pronto. Quero chegar em casa e descansar. Depois de ontem, é férias pra mim. Meu celular tocou, era Lelê pra falar sobre as duas mulheres. Sabia que ia dar o que falar. Ela quis saber a verdade e só me comunicou do que estavam falando. Não me importei, tô solteiro mesmo. Fiquei de bobeira no celular e até postei uma foto para minhas neguinhas comunicando do início das minhas férias. Estava uma loucura! A maioria revoltada depois de ontem. Sorri negando. Que apego com a Mabele e com nosso namoro... Meu Deus! 
As horas se passaram e então como sempre combinamos fomos nos encontrar no hall do hotel. Eu olhava atento a qualquer hospede que saísse do elevador. Nenhum era ela. Quando todos já estavam no hall do hotel, Rober e Cirilo levaram minhas malas pro estacionamento. Fui mais atrás, aproveitei para ligar pra Xumba e avisar da minha volta a Sampa. Quando estava chegando na van, não acreditei quando vi ela a alguns metros de nós. É minha chance. Mabele estava sozinha, com algumas sacolas na mão e foi em direção ao elevador. Corri para alcança-lá, se assustou quando percebeu minha presença.

- Espera, preciso falar com você. - ficamos em frente ao elevador.

- Não tenho nada pra falar com você. - tentou entrar no elevador aberto e eu impedi com meu braço. - Luan, por favor, me da licença. - me olhou impaciente.

- Me escuta primeiro. - revirou os olhos.

- Tô cansada de te escutar. Sempre isso de " me escuta". - imitou minha voz.

- Eu quero me desculpar pelo que te disse ontem. Eu estava bebendo e acabei falando besteira.

- Acabou falando o que você queria! - me corrigiu. - A bebida só trouxe a coragem que você não tem. Dá licença agora? - tirei meu braço que a impedia de entrar no elevador. Ela entrou. - Ah, outra coisa. - segurou a porta. - Evapora da minha vida! - a porta se fechou e eu fiquei estático. Sabia que essa séria a reação dela. Eu não deviar ter ido falar e pagar papel de trouxa novamente. Filha da mãe! As vezes nem eu sei o que ando sentindo por essa mulher. Eu a amo, mas no primeiro encontro que temos depois do nosso término, ela me trás raiva, ciúme e ainda faz com que eu me sinta culpado. Pra variar eu paguei de trouxa pra ela. Ah Mabele, o que você fez comigo? Que macumba foi essa, que eu não consigo te esquecer?




E esses dois, estão iguais cão e gato... 
Obrigado por todos os comentários. Isso motiva demais! 
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Bjs, Jéssica. ❤