Bele e eu nos sentamos em duas cadeiras na varanda de nossa chácara. Decidimos vir passar o fim de semana juntos. Dois velhos juntos e sozinhos. Velhos não, coroas é melhor. Agora, enquanto sinto a brisa do vento em meu rosto, ela foi buscar os álbuns que trouxe na mala.
- Amor, eu achei. - veio em passos lentos toda animadinha. Ela é linda mesmo depois de tantos anos! Parece que a idade só ajuda, só contribui. Na faixa de seus 64 anos, ela está mais linda que nunca!
Sentou-se ao meu lado e abriu o primeiro. De cara vimos uma de nossas primeiras fotos.
- Eu não lembro dessa foto. - franzi a testa.
- Sabe que nem eu?! - Rimos.
- Estamos velhos mesmo, como nossos filhos dizem. - Sem falar nada, ela continuou a passar.
- Nossa história foi tão linda né?! - falou olhando uma foto nossa, de um réveillon.
- Foi? Ainda é linda. Tá muito longe de acabar. - ela sorriu, agora me olhando.
- Você lembra que eu fui super mal educada na primeira vez que nos falamos?
- Lembro! Nunca vou esquecer. - ri de leve. - Eu te achei linda desde as fotos. Mas pessoalmente naquela balada... Me fez perder qualquer estrutura.
- Mas antes da gente se encontrar na balada, nos falamos várias vezes através de vídeo.
- Ah foi. E seu sorriso parecia ainda mais lindo do que nas fotos. - Ela sorria toda derretida. Voltou a passar e parou em outra foto nossa. Esse álbum é só de fotos de nós dois?
- Eu lembro muito bem dessa! - disse animada. - Foi naquela viagem que você me pediu em namoro. O pedido mais lindo que já vi!
- Foi lá também a sua primeira crise de ciúmes. - Ri e ela riu também.
- Verdade. Mas antes do pedido você ficou me evitando. - Encolheu os olhos pra mim.
- Você que começou a me evitar quando eu ainda estava em Páris. Como nós dois éramos bobos né? - Acabamos rindo mais uma vez.
- Tenho que concordar. Tudo isso porque você era um frouxo.
- Claro que não! Você sempre deixou claro que não queria nada sério naquele tempo. Se eu chegasse falando que tava apaixonado, que queria namorar com você, séria capaz de você nem falar mais comigo.
- Que exagero! - Riu de leve. - Eu também estava apaixonada por você. Então isso não aconteceria.
- Eu não ia adivinhar. Mas o que importa é que estamos juntos até hoje.
- É verdade, meu bem. Não teve Jade, nem Bruno, nem Clara... - antes que pudesse continuar ele me interrompeu dizendo:
- Nem Anderson...
- O Anderson nunca tentou atrapalhar nós dois!
- Ah não, só ficou com você enquanto nós estávamos separados. - fui irônico.
- Você deveria esquecer isso. Somos bons amigos e a filha da sua irmã se dá muito bem com a dele. E mais, fazem o mesmo curso, na mesma faculdade. - Falou ao lembrar da caçula de Bru e Breno, que é muito amiga da também caçula do viadinho e Amanda.
- Tá, deixa ele pra lá. Quero ver outras fotos. - desta vez eu passei para a próxima foto. Tentando não estragar nosso momento tão agradável. Sorri ao ver que era uma nossa na cama. Seu rosto enterrado na curvatura do meu pescoço e eu com o sorriso mais lerdo do mundo. Lembro que bati essa foto em uma das viagens em que ela me acompanhou. Será que sorrio sempre assim quando estou com ela, quando olho pra ela?
- Essa foto é tão linda! Uma das minhas preferidas. - passou os dedos pelo papel.
- Eu sempre sorrio assim pra você? - Ela assentiu com o sorriso mais sapeca do mundo!
- Até hoje. Nunca mudou.
- Sabe porque? - ela negou. - Porque eu te amo a cada dia mais.
- Eu te amo. Você e nossos filhos formam meu coração.
- Te amo demais. - Sussurrei mais uma vez a frase que não consegue passar o tamanho sentimento que tenho por ela. Recebi seu sorriso e em seguida um beijinho rápido.
- Amor, cê lembra da sua primeira crise de ciúmes? - sorriu e passou para a próxima foto.
- Claro que lembro. Por causa do viadinho do seu ex. - Falei entediado.
- Exatamente! Discutiu na balada e ainda foi um babaca comigo.
- Essa parte do babaca é verdade.
- E no outro dia foi logo cedo na minha casa. - encolheu os olhos sorrindo. Como é linda, meu pai!
- Cê nem tinha acordado ainda e eu já tava lá. - rimos. - Lembro que a Mari jogou um pedaço de casca de mamão em mim. - Bele gargalhou.
- Verdade! Eu não lembrava desse detalhe.
- Bobona.
- Você que é bobão! - Rebateu e em seguida selou nossos lábios. - Nós dividimos muitos, muitos momentos. - falou ao passar para a próxima foto.
- Tantas pessoas boas sempre nos apoiaram. - Comentei.
- É verdade. Meu irmão e sua irmã principalmente! - Ri.
- Eu sempre tive o apoio do Jô.
- Sempre mesmo. - Revirou os olhos. Essa mania nunca a abandonou.
- E você sempre teve o da minha irmã, então nem vem.
- É verdade. Mas a diferença é que eu estava certa e ela fez mais que certo em me apoiar, já o meu irmão ficava do seu lado mesmo com suas palhaçadas.
- Ele sabia que você me amava e eu também.
- Ainda amo. - Deixou bem claro, me fazendo sorrir.
- Eu sei. Ele só queria seu bem, sua felicidade, que era junto de mim.
- Coisa convencida! - Fez uma carinha tão linda me olhando. Beijei sua bochecha em meio a um sorriso.
- Acho que tudo que nós passamos, foi preciso, necessário. Só nos ajudou.
- Me ajudou principalmente. Era muito mimada e imatura. Evolui muito com nosso relacionamento.
- É verdade. Cê mudou bastante. - Ela passou para a próxima e última foto do álbum.
- Acabou. - Fez biquinho.
- Eu amo essa foto. - Era ela montada em minhas costas com um sorriso muito verdadeiro, assim como o meu. Estávamos em uma praia de Miami.
- Eu também. Essa viagem foi maravilhosa.
- Assim como todas as outras. - Ela pegou um outro álbum logo soube que era só de fotos de nossos filhos.
- Olha como a Melissa era linda! - Disse ao se deparar com uma foto de nossa filha ainda bebê:
- Ela ainda é. Mas nesse tempo era tão fofinha. Sempre andava sorrindo.
- É verdade. - Bele sorria, toda boba olhando para a foto. Passou e a próxima era de Enzo também quando bebê:
- Ele sempre foi tão fofucho! Até hoje. - Sorrimos um para o outro. Tenho que concordar. Ela passou mais uma vez e assim que bati o olho a foto, gargalhei e ela ria também:
- Você tinha uma mania tão feia de fazer essas coisas, Luan. - disse ainda risonha.
- Eles gostavam. - Me defendi. Que época boa! - Passa aí, quero ver a próxima. - Fez o que eu pedi e era uma de Melissa dormindo:
- Que coisa gostosa da mamãe! - Bele disse morrendo de amores.
- Que saudade de quando era pequenininha assim. Nem acredito que casou à poucos meses.
- Sabe que nem eu?! - Concordou. Passou e nos deparamos com uma muito fofa de Enzo:
- Meu menino. - Ela passou os dedos na foto. Toda carinhosa.
- A Leila quem bateu essa foto né?!
- Foi.
- Ficou a coisa mais linda do pai! Se eles ouvissem, estariam fazendo careta.
- Com certeza! - Desta vez eu passei para a próxima. uma foto da Bele:
- O que essa foto tá fazendo aqui? Eu nem lembrava mais dela! - Disse sem esconder sua empolgação.
- Minha pinguinho. - Sorri para a foto, totalmente encantado. Eu lembro muito bem desse dia! Ela me disse que Gabi mesmo muito criança, deu a ideia de escreverem uma frase e enviarem a foto pra mim. Até hoje eu tenho a foto das duas!
- Vamos passar, porque você já tá todo convencido. - Brincou e então vimos a próxima. Ela, Gabi e sua sobrinha ainda muito novinha:
- Que foto mais linda! É tão bom parar pra ver não é? A gente lembra de tantos momentos. Faz bem.
- Faz muito bem. A Isa bem pequenininha, meu Deus! - Riu de leve e em seguida uma de Melissa, já maiorzinha:
- Olha que danandinha, soltando beijo e tudo. - Ri.
- Eu adorava montar esses looks nela.
- Eu lembro bem disso. Tanto você quanto a Bruna gostavam. - Ela passou para a próxima e mais uma vez eu caí na risada. Do Enzo:
- Nossa, Bele! Olha isso.
- Tô olhando e não preciso nem dizer quem inventou isso né?
- Ele ficou muito bonitinho. - A próxima foi mais uma do Enzo, dormindo:
- Dorminhoco pra caramba! Acho que até o final desse álbum vamos achar mais uma 50 dele assim. - Bele fez graça, me fazendo rir. - Fazer o que, se tem um pai que dorme demais.
- Pois é, fazer o que né?! - Nossas risadas se misturaram e ela passou para a próxima. Melissa no estúdio da nossa casa em São Paulo, ainda adolescente:
Bele soltou um suspiro apaixonado.
- Ela canta tão bem! - Disse, toda amorosa.
- Canta mesmo. Me orgulho tanto de quem ela se tornou. Está entre as melhores cantoras do país! Dá pra acreditar nisso?
- Com o pai que tem dá sim. - Disse com toda admiração. Meu coração acelerou de amor por ela.
- Você me admira tanto assim?
- Você nunca vai saber o quanto te admiro como pessoa, profissional, pai e marido. Nunca vou conseguir expressar em palavras.
- Que linda! - Sorri totalmente encantado. - Faço das suas palavras as minhas. - Beijei seu ombro. Ela passou e desta vez era de Enzo, adolescente também:
- Olha essa! Sua cópia! Até o jeitinho de bater foto é igual.
- Minha xerox. - Brinquei e nós rimos. Outra foto, desta vez Melissa ainda criança:
A outra de Enzo, também ainda criança:
- Espera! Cê lembra desse dia?
- Claro que lembro! Foi no dia das mães, Melissa entrou pra me buscar dentro da empresa, tudo com a ajuda da Soraya, minha secretária. Quando sai, encontrei você e ele. Foi um dia tão feliz!
- Foi. Nós almoçamos juntos e no final da noite eu te amei.
- Maravilhosas recordações. - Ela fechou os olhos em meio a um sorriso. Beijei sua bochecha. A outra foi de Melissa, adolescente:
- Nesse dia você ficou morrendo de ciúmes. Ela foi no seu show com o primeiro namorado.
- Não me lembra desse dia. Foi muito difícil. - Fiz careta.
- Exagerado! - Ela ria de mim.
- Não é exagero, é verdade. Não sou você que sempre aceitou tão bem os relacionamentos dos nossos filhos. - Tomei a liberdade de passar, enquanto ela ainda contia um sorriso no rosto. Melissa bebezinha:
- Olha só, era bom quando era assim. - Sem falar nada e ainda com divertimento no rosto, ela fechou o álbum.
- Meu ciumento. - Me abraçou de lado. - Você foi a melhor pessoa que Deus colocou no meu caminho, mesmo com todos os defeitos.
- A vida foi e ainda é muito boa com a gente. Eu quero ficar com você até o último dia e quando chegar a hora de irmos pra junto de Deus. Quero que seja nós dois na mesma hora, no mesmo minuto. Igualzinho aos seus avós.
- Eu não iria aguentar ficar nem um minuto sem saber que não poderia mais te ver. Pode ter certeza que eu vou junto. Sempre juntinha de você. Eu te amo com todo meu coração, neguinho.
- Minha pinguinho... - A beijei rapidamente, levemente. - Obrigada por ser tão incrível e minha. - Ela sorriu e disse:
- Somos vítimas do amor.
- Somos vítimas do destino.
FIM
Chegamos ao fim! Nesse capítulo, eu quis relembrar alguns momentos da história deles e frisar a família que formaram, destacar também o amor que continuou intacto. Espero que tenham gostado! Comentários respondidos! Leiam também meu agradecimento tá?
Bjs, Jéssica. 💕
Vou sentir saudades, uma das mais lindas que eu já li. Parabénsss :*
ResponderExcluirChorosa com esse fim.😢
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