Capítulo 108

Cheguei até Bubu e pedi pra irmos embora, mas Paiva, He-man e Bru insistiram para ficarmos mais um pouco. Eu não iria estragar a noite de ninguém, mas não estava mais suportando aquela Gi de papinho pro Rafa e admito que estava com medo de ver uma cena indesejada. A atirada chegou até nós, com um sorrinho  no rosto.

- O Luan é muito gente boa!

- Já entendemos que você tá afinzona dele. - sorri fechado e ela riu sem graça. He-man foi para próximo dos meninos.

- A Bele é ex dele sabia? - Paiva comentou e a biscate arregalou o olho, supresa.

- Sério? - assenti com a cabeça, morrendo de vontade de acresentar: sim, sou ex, mas ele ainda é louco por mim. Me segurei.

- Miga, o Luan não é flor que se cheire. - Bubu disse.

- Eu também não. - riu despreocupada.

- Vamos dançar! - Paiva me puxou e eu fui na hora. Não sou obrigada a ficar ouvindo a babaca falar do Luan. Me joguei mesmo junto com a Paiva, durante um bom tempo, até cansar.

- Preciso beber algo. - comentei ofegante.

- Bora no bar. - fomos e então eu pedi uma água mesmo. Dois gatos passaram por nós, nos olhando e então caímos na risada depois.

- Fiquei sem jeito. - confessei e antes que Paiva pudesse falar algo, Luan se aproximou.

- Paiva, cê pode deixar eu falar com a Bele um instante? - sorriu de lado e Paiva saiu nos olhando com um olhar desconfiado.

- O que você quer? Já vai dar muito o que falar eu ter vindo, imagine alguém fotografando a gente assim...

- Pinguinho, cê não precisa ficar com ciúmes. Eu não vou ficar com ela. Eu sei que cê tá se roendo. - sorriu de lado.

- Primeiro: eu não estou com ciúmes. Segundo: você não me deve satisfações. Terceiro: eu não me importo se você vai ficar com ela ou não. - menti friamente e ele riu negando com a cabeça.

- Mentirosa. - olhou em meus olhos.

- Não estou mentindo! - respondi com firmeza.

- Eu quero você minha pequenininha. - sorriu apaixonado e eu fiquei sem graça. Olhei pro lado. - Coisa linda! - riu fraco e quando senti seu braço já estava em volta do meu pescoço, me abraçando. Beijou minha testa e olhando em meus olhos falou: - Eu tô louco pra te beijar. - mordeu seu lábio inferior, fazendo meu olhar fixa na sua boca.

- Mas eu não vou te beijar. - ergui as sombrancelhas.

- Ah não? - sorriu. Que sorriso lindo!

- Não. - quando ele aproximou sua boca da minha, uma siliconada nos interrompeu pedindo uma foto. Ele se afastou para atendê-la e no fundo eu agradeci. Eu iria cair na dele de novo! Porra! Eu preciso ir embora. Agora. Antes que a mulher fosse embora, eu sai de perto dele e cheguei até a rodinha que estava toda reunida.

- Gente, necessito de ir embora. - fiz careta e abracei Rober de lado, passando o braço em volta do seu pescoço.

- Porque uai? - Well perguntou.

- Minha dor de cabeça aumentou. - menti mais uma vez.

- Então vamos. - Bru deu de ombros.

- Cê quer que eu te leve nos braços? - Rober brincou.

- Não vou negar não... - entrei na brincadeira nos causando risadas.

- Cadê o Luan? - He-man perguntou.

- Ficou atendendo uma daquelas siliconadas. - assim que fechei a boca vi ele se aproximar. He-man o comunicou que iriamos embora e então planejaram a saída. Fui na frente com as meninas e eles ficaram um pouco mais atrás.

Fomos o caminho todo ouvindo Paiva tagarelar. Ela ficou bem alegrinha. Eu já estava quase dormindo, confesso. Me sentia cansada e só me deu conta de onde estava quando estávamos chegando na entrada do condomínio.

- Luan, eu vou pro meu apartamento.

- Puta merda, esqueci!

- Lerdo.

- Sem problemas amorzinha. O pai e a mãe viajaram agora no fim do dia. Foram pra campo grande, pro aniversário de um amigo deles.

- Entendi. - mesmo contrariada, não tinha mais o que fazer.

- Desculpa mesmo, Bele. Juro que não lembrei. - me olhou pelo retrovisor. Apenas assenti com a cabeça. Não iria acordar meus pais no meio da madrugada, então a única saída era dormir na casa deles. Quando chegamos, fomos para o quarto da Bubu, ela me emprestou um pijama e como a Gi dormiria com ela, eu acabei ficando no quarto de hospedes. Paiva ficou em outro e desde que chegamos eu não vi mais o Luan. Quando deitei, pensei que dormiria logo, mas não. Eu não estava conseguindo. É tanto medo envolvido, tanta confusão dentro de mim. Decidi colocar um filme, quem sabe assim eu consiga ocupar minha cabeça e dormir. Assim que o filme começou, bateram na porta.

- Entra. Tá aberta. - vi ele entrando. O que o Luan quer?  - O que foi Luan? - perguntei enquanto ele se aproximava apenas com uma calça de moletom, sem me responder, deitou na minha cama. - Luan! Você tá maluco?

- Eu só vim ver como você tá. - segurei a risada de sua desculpa esfarrapada.

- Como você pode ver, eu tô bem. - sorri e ele me olhou como se procurasse outra desculpa, mas ao invés de inventar qualquer coisa, ele foi direto.

- Porque cê fica fugindo de mim?

- Eu já te disse que não tô fugindo.

- Tá sim. - suspirou. - Você fica evitando o inevitável. A gente se ama demais pra ficar separado. Eu não tô aguentando mais, você não tá aguentando mais... Eu preciso de você e eu não vou desistir! - levantei um pouco, encostando minhas costas na cabeceira da cama. Ele fez o mesmo. - O que cê tem medo? Pode ser sincera. O que te impede de se entregar novamente pra mim? - perguntou paciente.

- Vou ser sincera tá? - falei enquanto nos olhavamos. - Eu tenho medo de acontecer o que aconteceu. Você me trair... E... Eu não quero mais passar por isso. Eu sofri demais! - respirei fundo.

- Aquela louca que encostou a boca na minha. Bele, eu nunca insisti tanto com uma mulher. Nunca lutei tanto. Nunca amei tanto! Eu sei que errei também, admito. Mas cara não tem um só dia que eu não lembro e me xingo pelo que fiz. Eu tô arrependido. Eu não vou voltar a fazer nada parecido e isso eu te prometo, por tudo que é mais sagrado.

- Ainda tem os outros, Rafa. Vão pensar que eu sou uma trouxa em ter voltado com você.

- Os que sabem o que realmente aconteceu são aqueles mais próximos de nós. E todos torcem para que a gente volte.

- Nem todos...

- Ah, seu pai eu entendo pinguinho. Mas o que a gente pode fazer se a gente se ama? - o silêncio reinou e eu não sabia o que fazer, muito menos o que dizer. - Você não me ama? - ele me olhava e eu olhava ele.

- Amo. - falei quase em um sussurro e ele sorriu se aproximando.

- Então a gente tá esperando o que?

- Eu vou ter que enfrentar muito mais coisas que você.

- Nós vamos enfrentar juntos! - respondeu de imediato e passou os dedos em minha bochecha. Olhou minha boca e se aproximou mais ainda e colocou sua mão entre meus cabelos. Eu já sabia o que ele iria fazer e eu queria que fizesse logo. Selou nossos lábios levemente e em seguida iniciou um beijo. Sua língua pediu passagem e já começou a se movimentar dentro da minha boca. Segurei seu braço, e ele puxou meu cabelo chupando minha língua em seguida. Se aproximou mais ainda, não deixando nenhum espaço entre nós.

Quando percebi, já estávamos deitados. Ele em cima de mim, enquanto os beijos continuavam. Quando o fôlego acabou, ele desceu seus beijos para meu pescoço. Minha respiração começava a ficar descompassada, tentei disfarçar. Senti Rafa chupar meu pescoço e mordeu em seguida. Abri minha boca e fechei meus olhos, gostando das sensações. Ele desceu um de seus braços parando em minha perna, apertando em seguida. Subiu novamente e parou na minha cintura. Voltou a me olhar e sem esperar que ele me beijasse, eu tomei a iniciativa e ele sorriu entre o beijo. Eu começava a sentir sua excitação. Senti sua mão fazer um carinho na minha barriga por dentro da blusa que Bru me emprestou..

- Rafa, espera. - falei com a boca encostada na dele. E ele continuava a selar nossos lábios. - Espera! - acabei rindo e ele sorriu descendo os beijos para meu pescoço. - Eu acho melhor você ir pro seu quarto. - no mesmo instante ele parou o que estava fazendo. Apoiou seu peso nos seus braço e me olhou, desacreditação e arrisco dizer que tinha também uma certa desaminação.

- Cê vai fazer isso comigo?

- Isso o que? - Ri sem entender. Ele respirou fundo e olhou um ponto qualquer do quarto. Saiu de cima de mim e deitou ao meu lado. Olhou minhas pernas descaradamente. O short que Bru me emprestou era curtinho. Suspirou pesado e colocou a mão no rosto. Entendi que ele estava tentando se acalmar.

- Então, pelo jeito a gente ainda não voltou... - tinha o braço em cima da parte dos olhos.

- Não. Eu preciso pensar. Preciso de um tempo sabe?

- Quando tempo? - perguntou paciente, me olhando.

- Pelo menos uns dias. - ele assentiu e olhou a tv. - Você ficou chateado?

- Não uai. Eu tenho que esperar né?! - me olhou novamente. - E eu vou esperar o tempo que for preciso. - sorri agradecida e me aproximei o abraçando. Eu ainda não tinha certeza de nada do que faria, só sei que estava insuportável ficar sem ele. Coloquei minha cabeça em seu peito e passei meu braço por sua cintura recebendo um beijo no alto da minha cabeça. Ele passou seu braço por meus ombros, me abraçando também. Me permiti fechar meus olhos e relaxar.

- Não era pra eu ir pro meu quarto? - perguntou seguido de um riso.

- Quando eu dormir você vai. - continuei com meus olhos fechados recebendo um cafuné.

* Luan narrando.

Depois que chegamos eu fiquei pensando na Bele. Saber que ela estava no mesmo teto, no mesmo corredor que eu, era agoniante. Eu precisava vê-la. Sem pensar em nada, bati a sua porta, dei uma desculpa esfarrapada e então consegui ter uma conversa direta com ela. Esclarecer o que eu ainda não sabia. Então o problema é o medo. Depois de abrir totalmente meu coração, eu acho que deixei ela balançada. Demos uns beijos e foi só eu começar a ficar excitado pra ela acabar com minha felicidade. Pediu um tempo pra pensar e mesmo sem aguentar mais ficar longe dela, eu compreendi. Pra quem já esperou tanto, esperar mais um pouco não é nada. Ela acabou dormindo abraçada a mim. Algo me dizia que ela voltaria. Deixaria o medo de lado e ouviria o amor que sente por mim. Meu coração ficava acelerado só de pensar que posso tê-la como minha namorada novamente. As vezes esse amor me assusta. Não me imagino sem ela. É como um vício, uma necessidade de tê-la sempre por perto.

- Eu te amo demais meu amor. - sussurrei mesmo sabendo que ela dormia profundamente. Quando fui para meu quarto o sol já aparecia. Era melhor ninguém me ver aqui.

(...)

Acordamos já muito tarde. Desci e encontrei as meninas comendo. Sorri para minha pinguinho e sentei de frente pra ela. Comemos em meio a conversas e então Bru me pediu para que eu levasse ela para casa.

- Cê vai agora?

- Vou tomar um banho e tirar esse pijama. - sorriu.

- Então tá, te espero. - como eu já havia acabado de comer, fui pra sala. Bele subiu e Gi me acompanhou sentando comigo. Ficamos conversando até que Bele voltasse. Com alguns minutos ela desceu, com o mesmo vestido de ontem, um coque no cabelo e o salto na mão.

- Vamos Rafa? - falou séria. Eu estava adorando vê-la com ciúmes da Gi.

- Bora!

- Bubu, já tô indo. - gritou e logo vi minha irmã chegar correndo na sala.

- Tchau minha linda. - se abraçaram. - Na minha próxima folga é nós de novo! - riu fraco.

- E o Breno nada né?

- Ele tá viajando. Amanhã vai pro Rio ficar comigo. - sorriu e abraçou Bele novamente.

- Tchau parceira de dança. - Paiva falou com Bele.

- Tchau parceira. Tchau gente. Até mais. - falou em geral e soltou beijo de longe. Saímos e entramos no carro. Fomos o caminho todo conversando assuntos bobos, ela ria das palhaçadas eu eu falava. Como eu amo esse sorriso. Ainda mais quando sou eu que o provoco. Com alguns minutos chegamos em frente ao seu condomínio.

- Quando você se decidir, cê me procura? - perguntou.

- Procuro. - sorriu. - Obrigada pela carona.

- Quero um beijo de agradecimento. - segurei o riso e ela riu revirando os olhos e para minha total surpresa ela repousou uma de suas mãos na lateral do meu rosto e me beijou. Um beijo lento, envolvente. Como eu amo o beijo dessa mulher! Melhor beijo disparado!

- Tchau. - selou nossos lábios e abriu a porta.

- Tchau minha linda. - sorri bobo e ela saiu. Fiquei observando ela entrar e pedi aos céus que não demore muito para que ela me procure e que sua resposta seja positiva. Eu preciso demais dessa baixinha.





O hot não foi dessa vez.. Haha. Mas o que acharam? Será que agora esses dois voltam de vez? Nesse capítulo tivemos um avanço... Bele vai pensar!!!