Capítulo 105

- Mãe, eu tô bem. - falava pela milésima vez e ela chorava desesperada, de repente ouvi a voz de meu pai.

- Filha, pelo amor de Deus, o que aconteceu?

- Paizinho, calma. Eu tô bem. Levei um tiro de raspão, eu estava no restaurante que foi atacado, mas calma viu? Não se agita, lembra do coração. - me preocupei.

- Filha, vem pra cá agora! - falou agoniado.

- Não tem como. O aeroporto está fechado. Ninguém sai, ninguém entra. Mas calma tá? Eu juro que tô bem. - tentei tranquilizá-lo, mesmo estando com medo.

- Filha... - ouvi seu choro também e fiquei agoniada.

- Pai, por favor. Não precisa disso.

- Como não precisa? Você levou um tiro, tá ai sozinha, com um monte de maluco querendo matar todo mundo e ainda quer que eu fique calmo?

- Pai, o pior já passou. Acalma a mãe e fica tranquilo também. Me promete?

- Vou tentar, Mabele. Vou tentar! Ó, você nem se atreva em sair daí ouviu? E não deixa de ligar pra nós.

- Tá. Pode deixar. Beijo. Amo vocês.

- Nós também te amamos. Fica com Deus. Se cuida viu?

- Pode deixar. Beijo.

- Beijo. - desliguei respirando fundo e Anderson voltou da cozinha.

- Eles estão preocupados não é?

- Demais. - suspirei.

- Minha mãe só faltou ficar louca também. Quer que eu volte para o Brasil a todo custo.

- Meu pai também, mas não tem como.

- Mas já já, nós vamos estar no Brasil e em segurança. - sorriu e beijou meus cabelos.

- Obrigada por todo o apoio e cuidado. Você tá sendo um parceirão. - o abracei.

- Não tem o que me agradecer.

* Bruna narrando.

Fiquei sabendo do ataque em Páris, aliás o mundo todo. Tentei ligar pra Bele, mas ela não me atendia. Eu estava começando a ficar preocupada. Bateram na porta e eu fui atender, era Luan.

- Acabei de acordar e vi na tv o que aconteceu em Páris. - entrou no quarto e eu fechei a porta. - Você falou com ela, Bruna? - ele tinha medo no olhar. - Por favor, me diz que falou com ela e que está tudo bem.

- Não Luan, eu não consegui falar com ela. Mas com certeza está tudo bem. Fica calmo. - o abracei

- Eu não vou suportar se alguma coisa acontecer com ela. - me abraçava forte.

- Vira essa boca pra lá. Tá tudo bem. - alguém bateu na porta.

- Luan, Bruna? - nosso pai.

- Oi Pai? - desfiz o abraço e fui até a porta, abrindo em seguida.

- O Luan tá ai?

- Sim. - ele colocou a cabeça pra dentro e eu olhei meu irmão, que tinha a mão no rosto.

- Luan, estamos atrasados cara. Era pra você tá no mínimo no banho.

- Tá, tô indo. Piroca, qualquer coisa você me diz tá? - apenas assenti com a cabeça e beijei seu rosto. Antes de fechar a porta ouvi ele perguntar se meu pai estava sabendo do acontecido. Respirei fundo e me despi para ir pro banho, quando meu celular tocou. Era Bele.

- Mabele eu te liguei feito maluca!

- É que eu só tive tempo de retornar agora.

- Você tá bem? Não aconteceu nada com você né?!

- Eu levei um tiro... - minha boca ficou entreaberta no mesmo instante. - Mas calma, foi de raspão. Eu tô bem.

- Como calma? Como você me pede isso? - Não consegui segurar as lágrimas, eu poderia ter perdido minha amiga.

- Eu já tô em casa. Tô em segurança.

- Deve ter sido horrível. Eu poderia ter pedido você. - passei a mão no rosto em meio ao desespero.

- Mas não perdeu. Eu tô bem amiga. Juro.

- Não fica mentindo pra mim! Claro que não tá bem. Leva um tiro, tá no meio desse caos e tá bem? Me poupe Mabele Brício.

- O pior já passou. Eu só te liguei pra te deixar tranquila.

- Parece que o Pi estava adivinhando. - falei enquanto as lágrimas desciam. - Ele chegou aqui desesperado.

- Sério?

- Foi! E eu tentei tranquilizá-lo, mas em vão.

- Então diz que tá tudo bem. Logo, logo eu tô no Brasil novamente.

- Pra que você foi viajar? Pra que? - me lamentei.

- Bru, fica tranquila meu amor.

- Eu vou tentar. Amorzinha, eu preciso desligar agora, tenho que ir pra gravação. Não sei com que cabeça né?! - respirei fundo.

- Pode ir tranquila. Tô torcendo pra que dê tudo certo. - falou animada.

- Tá. Amiga, que Deus te proteja. Não deixa de me ligar!

- Tá certo. Beijão.

- Beijo. Te amo.

- Eu também. - riu de leve e desligou, sentei na cama tentando absorver tudo aquilo na minha cabeça. Meu Deus do céu!

* Luan narrando.

No meu quarto estavam, meu pai, Fábio, Dudu e Marquinhos. O restante ainda se arrumavam.

- Tá gatão em boi? - Marquinhos comentou e eu apenas ri. Ele continuaram conversando entre ele, enquanto eu estava tentando fazer com que meu cabelo ficasse legal. Quando bateram na porta.

- Quem é?

- Sou eu pi, a Bru. - abri a porta e encontrei minha irmã toda linda.

- Entra. - assim ela fez, recebendo elogios dos meninos. Sorriu e agradeceu.

- Eu preciso falar com você. - ficou do meu lado em frente ao espelho.

- Pode falar uai.

- Eu consegui falar com a Bele. - eu parei o que estava fazendo no mesmo instante.

- E ai? - ela ficou me olhando, como se não soubesse como me falar algo. Aquilo estava me preocupando. -Fala Bruna!

- É que ela foi atingida por um tiro. Mas calma, foi de raspão. - quem havia acabado de levar um tiro era eu. Um não, vários. Não conseguia falar nada. E sentia o desespero tomar cada pequena parte do meu corpo.

- Onde foi isso? Como ela tá? Puta que pariu, Meu Deus do céu! - senti as lágrimas embaraçando minha visão e os meninos já foram perguntando o que havia acontecido.

- Eu não perguntei tudo. Fiquei pasma. Mas ela está em casa, pelo menos acho que sim, já que ela disse que está bem. - as lágrimas escorreram e eu a queria aqui e agora! Do meu lado. Eu sim a protegeria de tudo. - Pi... Pai, me ajuda aqui. - os rapazes chegaram próximos e eu não conseguia me mover.

- O que houve? - meu pai perguntou a Bruna.

- A Bele foi atingida no ataque terrorista de Páris. - todos ficaram pasmos.

- Luan, vem, senta aqui cara. - Fábio praticamente me arrastou até a cama e eu sentei. Apoiei meu cotovelos em minhas pernas e coloquei minhas mãos em meu rosto, me permitindo chorar forte. Como ela tá agora? Será que tá correndo perigo? Eu ouvia todos falando, mas não entendia absolutamente nada! Eu preciso dela aqui! Em segurança.

- Eu quero falar com ela. - os olhei, com o rosto coberto de lágrimas. - Eu preciso! Por favor! Liga pra ela Bruna, por favor. Liga pra ela! - eu estava desesperado e vi meu pai falar pra que Bruna ligasse logo. Se afastou e enquanto isso as lágrimas não sessavam, meus amigos tentavam me acalmar, em vão.

- Aqui Luan. - ela voltou e me passou o celular.

- Bele? - falei em meio a um soluço.

- Luan, calma. Eu tô bem.

- Claro que não tá bem! Pelo amor de Deus cara...

- Em já tô em casa, em segurança. - sua voz estava tranquila, mas aquilo não me convenceu.

- Eu te amo demais, não suportaria se alguma coisa acontecesse. - solucei novamente, sem me importar com as pessoas que me observavam.

- Não aconteceu nada. Foi só um tiro de raspão no braço.

- Só Mabele? Só isso né?! - ironizei irritado e o choro não sessava.

- Luan, você tem uma gravação de DVD pra fazer. - levantei e passei a mão em meus cabelos indo em direção a sacada.

- Bele, amor...Volta pra cá. Eu não vou conseguir gravar, cara. Eu não vou! - dei um soco na parede.

- Claro que vai! Você tá maluco? Seus fãs estão te esperando.

- Mas você não tá bem. Eu não vou conseguir, sabendo que tudo isso tá acontecendo com você. - passei a mão no rosto desesperado e chorava compulsivamente.

- Eu juro que tô bem.

- Você tá mentindo pra mim! Para de mentir! Para!

- Luan... - ouvi ela respirar fundo. - Você tá muito agitado. Eu tô em casa, no meu apartamento. Tem polícia em todos os lugares, Rafa. Eu tô segura. - Ela me chamou de Rafa? Foi isso mesmo?

- Eu preciso te ver. - suspirei, sentindo meu choro sessa, mas não meu desespero.

- Não tem como agora. Pelo o horário, você já devia estar no local né?

- Foda-se! Eu quero saber de você agora.

- Já parou de chorar? - me perguntou com sua voz doce.

- Uhum.

- Então sabe o que você faz agora? Vai lá e arrebenta! Faz uma gravação incrível! Eu tô torcendo pra que dê tudo certo. Eu me sentiria culpada se soubesse que você não gravou por minha causa.

- Eu não vou conseguir, Bele. - suspirei fechando os olhos.

- É claro que vai! Faz por mim?

- Isso é chantagem. - me permiti rir de leve.

- Não é não. - ouvi sua risada também.

- Jura que nada de ruim vai te acontecer?

- Juro. Assim que o aeroporto abrir eu volto pro Brasil.

- Tomara que cê volte logo. - suspirei alto.

- Agora tem uma pessoa que precisa correr pra gravar o mais novo DVD. - sorri. Bandida, conseguiu me acalmar.

- Não sei que poder é esse que você tem sobre mim... - neguei com a cabeça sorrindo. - Só você pra conseguir me convencer a fazer essa gravação. Te amo minha pinguinho. Te amo! - ela suspirou alto, e tudo que eu queria ouvir era um: " eu te amo também", mas não ela apenas disse:

- Preciso desligar e você precisa ir pra gravação. - sorri de lado.

- Tá bom. Beijo.

- Beijo. - desligou e eu suspirei e pedi a Deus que não permitisse que nada de ruim acontecesse com ela. Voltei para o quarto e encontrei olhares tensos, nervosos. Todos em silêncio.

- Bora gravar né? - sorri pequeno e eles sorriram e me abraçaram, me dando palavras de forças, palavras positivas.

- Santa Mabele como sempre, acalmando esse cara. - Fábio brincou e bateu em meu ombro de leve.

- A Lelê vai ter trabalho hoje pra disfarçar esse meu rosto vermelho. - devolvi o celular da minha irmã e fomos encontrar o restante dos meus amigos e familiares para irmos pro local do show. Meu coração estava mais tranquilo depois de conversar com ela. Fomos o caminho todo comentando sobre isso e claro, todos ficaram assustados com o que aconteceu.

* Mabele narrando.

Eu estava com Anderson assistindo o noticiário, depois de falar com Bubu, para ver as mais novas notícias. Quando meu celular tocou, era Bruna novamente. Atendi e ela estava com a voz angustiada, disse que o Luan não estava bem e queria a todo custo falar comigo. Quando ela passou pra ele eu percebi seu estado de desespero, ele chorava muito. Me afastei do Anderson e fui tentar acalmá-lo, depois de muito custo, eu consegui. Quando desliguei, suspirei e algumas lágrimas desceram sobre meu rosto. Ele me ama mesmo, e ama muito. Tadinho, estava desesperado. Sorri ao lembrar dele dizendo que me ama.

- Você tá bem? - Anderson perguntou e rapidamente limpei minhas lágrimas.

- Tô, tô sim. - sorri pequeno e ele me abraçou. - Só quero voltar logo para o Brasil.

- Eu também quero. - suspiramos ao mesmo tempo. E meu celular tocou novamente, era meu pai, mais uma vez.

- Oi pai?...

• Algumas horas depois...

* Luan narrando.

Graças a Deus a gravação foi um sucesso! Eu só pensava nela, mas tentava focar nas coisas positivas, no seu sorriso. Enfim, eu consegui e tudo deu certo. Já no camarim nos comemoramos. Só faltava ela, o abraço dela, o beijo dela. Não me aguento mais de saudade! Todos nós conversavamos e comentamos sobre alguns detalhes. Fui pegar um docinho que tinha na bancada do camarim e Bru chegou junto.

- Deu tudo certo viu?

- Graças a Deus.

- E a Bele também. - sorriu.

- Verdade. Ela consegue tudo que quer.

- Com você principalmente né? - apenas assenti com a cabeça sorrindo.

- Eu não suportaria perdê-la. Cê tá doida! Não gosto nem de pensar. - passei a mão entre meus cabelos.

- Não vai perder. - me abraçou e então nos juntamos ao restante da galera. É.claro que a comemoração não acabou no camarim. Alugamos um local de festa, pequeno mesmo e ficamos tocando umas modas, bebendo e conversando. Mas eu não deixava de pensar nela. Na minha pequenininha.







O amor desses dois... 
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Bjs, Jéssica. ❤